Alfredo da Rocha Vianna Filho, o Pixinguinha, é um dos nomes mais importantes da história da música brasileira. Seu acervo pessoal está no Instituto Moreira Salles desde 2000. Desse material sai parte dos itens da exposição, como uma flauta utilizada por ele e que foi restaurada em 2019. Partituras que deram origem a quatro livros publicados pelo IMS também podem ser vistas. A mostra Pixinguinha – Naquele tempo, hoje e sempre, conta com imagens que integram o acervo de fotografia do IMS, como os retratos feitos por Walter Firmo, Maureen Bisilliat e David Drew Zingg. Os visitantes podem ouvir gravações marcantes de Pixinguinha e saber as histórias deles. E assistir a vídeos produzidos pelo IMS, como interpretações da Orquestra Pixinguinha na Pauta e uma versão de “Carinhoso” cantado por Chico Buarque e outros. A curadoria é de Luiz Fernando Vianna, coordenador da Rádio Batuta. A concepção visual é de Ana Carolina Montenegro.

“Conhecer mais Pixinguinha é conhecer o que há de melhor na música brasileira. O público poderá ouvir suas composições e interpretações, além de ver preciosidades do seu acervo pessoal. É uma espécie de imersão na vida e na obra dele”, afirma o curador.

Um dos destaques da exposição, a flauta, da marca Luigi Billoro, foi a última tocada por Pixinguinha. No início da década de 1940, ele trocou de instrumento e adotou o sax-tenor. Sob encomenda do IMS, a flauta foi restaurada neste ano pelo músico Franklin Corrêa, o Franklin da Flauta. Na exposição, há um vídeo no qual Corrêa explica o processo de restauro.

Também estão presentes quatro partituras originais escritas por Pixinguinha. Há, por exemplo, uma página do arranjo que ele fez em 1938 para sua composição mais célebre, “Carinhoso”. “Ele criou, a partir do final da década de 1920 e ao longo dos anos 1930, uma escola brasileira de arranjos”, diz Vianna. “A identidade sonora de sambas e marchinhas deve muito a Pixinguinha, que também desenvolveu um jeito nosso de gravar valsas, foxtrotes e outros gêneros não nascidos aqui.”

Os retratos selecionados para a mostra são de autoria de Walter Firmo, David Drew Zingg e Maureen Bisilliat, três dos grandes fotógrafos que integram o acervo do IMS. Um dos retratos, feito por Firmo para a revista Manchete, em 1968, é a imagem mais célebre de Pixinguinha: ele com seu saxofone na mão, sentado em uma cadeira de balanço, no quintal de casa. Em vídeo que está na exposição, Firmo conta os bastidores da foto.

Em um tablet, o público pode ouvir oito músicas que formam um panorama da trajetória de Pixinguinha: de uma gravação de 1914, quando ele tinha 17 anos e já era admirado como flautista, até uma de 1950 em que ele canta, fato raro. Na seleção, está “Rosa” na voz de Orlando Silva. O famoso duo com Benedito Lacerda – um no sax, outro na flauta – está representado por “Ele e eu”, registro lançado em 1947.

Objetos pessoais estão em uma das vitrines: chapéus, gravatas-borboleta, abotoaduras, caneta e outros. As páginas do passaporte têm carimbos de Paris e Buenos Aires, remetendo às importantes viagens do conjunto Oito Batutas entre 1922 e 1923. Na outra vitrine, estão discos em 78 rpm e LPs que fazem parte do acervo de música do IMS. E, ainda, o contrato que Pixinguinha assinou com a RCA Victor Talking Machine Company of Brazil em 1929, tornando-se o primeiro arranjador brasileiro contratado por uma gravadora internacional.

Além dos vídeos citados, são exibidos outros registros audiovisuais produzidos pelo IMS, como o que reúne interpretações de “Carinhoso” nas vozes de Chico Buarque, Zélia Duncan, Joyce Moreno, Carminho e Monarco.

Também há uma cronologia preparada a partir das informações disponíveis no site pixinguinha.com.br. Lançado pelo IMS em 2017, o site é o mais completo banco de informações sobre o instrumentista e compositor. Usando um leitor de QR Code no celular, o visitante da exposição poderá acessar o site e também conhecer a série de 14 programas Pixinguinha na pauta, da Rádio Batuta.

Ao reunir esse conjunto variado, o IMS reforça a importância do legado do artista, um dos grandes nomes da música nacional, como ressalta o historiador Ary Vasconcelos, em sua famosa frase: “Se você tem 15 volumes para falar de toda a música popular brasileira, fique certo de que é pouco. Mas, se dispõe apenas do espaço de uma palavra, nem tudo está perdido; escreva depressa: Pixinguinha.”

Sob a guarda do Instituto Moreira Salles desde 2000, por acordo direto com sua família, o acervo é composto por documentos pessoais, medalhas, troféus, álbuns com recortes de jornal, centenas de fotos, roupas, registros de memória oral realizados por seu filho Alfredo da Rocha Vianna Neto e a flauta utilizada durante muitos anos pelo músico. Embora tudo isso tenha grande valor documental, o núcleo mais importante – e ainda passível de revelar novas facetas do imenso talento de Pixinguinha – é um lote de aproximadamente mil conjuntos de partituras com arranjos feitos por ele. Digitalizadas e catalogadas, essas partituras vêm sendo estudadas por músicos que dominam tanto o choro quanto a linguagem da música formal.

Além do site pixinguinha.com.br, o IMS já lançou diversas publicações sobre o compositor, como Pixinguinha na pauta (2010), Pixinguinha – Inéditas e redescobertas (2012), Pixinguinha – Outras pautas (2014) e O carnaval de Pixinguinha (2013). Os livros também estarão disponíveis na mostra.

O IMS Rio fica na rua Marquês de São Vicente 476, na Gávea.

Fotos: divulgação