A galeria Luciana Caravello Arte Contemporânea inaugura neste sábado, dia 1º, as exposições “Investigações Visuais”, de Almandrade, um dos principais nomes da poesia visual e da arte experimental no Brasil, e “Planos Maciços”, do premiado designer Zanini de Zanine.

No espaço térreo da galeria estará a mostra de Almandrade, uma síntese de sua trajetória de mais de 45 anos, com trabalhos produzidos desde a década de 1970 até os dias atuais. A exposição terá cerca de 20 obras, meio a pinturas, objetos, gravuras, desenhos e poemas visuais, dando uma ampla ideia da produção do artista em diferentes suportes, incluindo trabalhos raros, pouco vistos ou só apresentados na época em que foram produzidos, como é o caso da pintura vermelha “Sem título”, em tinta acrílica sobre tela, de 1986, restaurada recentemente.

No terceiro andar, estará a exposição de Zanini de Zanine, com cerca de 13 obras inéditas, produzidas este ano, especialmente para esta mostra, que fazem parte de uma nova pesquisa do designer e foram produzidas com madeiras de espécies brasileiras aproveitadas de demolições, valorizando e preservando as técnicas manuais de trabalho. A exposição terá peças de mobiliário – poltronas e bancos – e escultura de parede e de mesa, produzidas com ipê-tabaco e eucalipto vermelho, explorando as especificidades físicas e sensoriais de cada espécie, destacando suas cores e texturas.

“A exposição mostra que há uma unidade, há um percurso, mesmo em diferentes suportes, além de haver um diálogo entre as obras de época e as mais recentes”, conta Almandrade.

Almandrade é artista visual e poeta com formação em arquitetura e urbanismo com uma produção alinhada em diferentes suportes que se fundamenta a partir de dois eixos: a arte construtiva e a arte conceitual, sem deixar de lado as conquistas e influências da poesia concreta e do Poema/Processo. O procedimento de Almandrade se resume em práticas semióticas que se apropriam de um repertório mínimo de signos em seus diferentes suportes.

A exposição “Planos Maciços”, de Zanini de Zanine, terá peças de naturezas diferentes, mas as obras dialogam entre si. “Algumas esculturas nasceram do mobiliário e vice-versa”, conta o artista.

Como são feitas de madeira de demolição, o designer aproveitou, em muitos casos, a geometria original das peças para criar os novos trabalhos, inspirados no traço da geometria e no encaixe das formas. “As obras têm uma geometria forte e muitos ângulos são baseados nos encaixes e cortes das peças originais. Algumas, por exemplo, eram colunas e as peças novas nascem desses ângulos”, explica Zanini de Zanine.

Uma novidade é a utilização, pela primeira vez, de volumes cilíndricos em madeira nas peças de mobiliário, que são introduzidas como se estivessem perfurando as poltronas. “São peças fora do comum, diferente do que fiz até agora, com perfurações nas quais experimento o tarugo de madeira nos planos”, conta o designer.

Na exposição, haverá, ainda, alguns múltiplos, que fazem uma “tradução contemporânea de objetos da atualidade”, diz Zanini. Um exemplo é a escultura “Rivotril”, em madeira, que faz alusão ao medicamento tão em voga atualmente.

As exposições poderão ser visitadas até 21 de dezembro. A Luciana Caravello Arte Contemporânea fica na Rua Barão de Jaguaripe 387, em Ipanema.

Fotos: divulgação.